terça-feira, 25 de outubro de 2011


                             Iniciação no Candomblé Ketu





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Para começar, a mãe-de-santo deve determinar, através do jogo de búzios, qual é o orixá dono da cabeça daquele indivíduo . Ele ou ela recebe então um fio de contas sacralizado, cujas cores simbolizam o seu orixá, dando-se início a um longo aprendizado que acompanhará o mesmo por toda a vida. A primeira cerimónia privada a que a noviça (abiã) é submetida consiste num sacrifício votivo à sua própria cabeça (ebori), para que a cabeça possa se fortalecer e estar preparada para algum dia receber o orixá no transe de possessão. Para se iniciar como cavalo dos deuses, a abiã precisa juntar dinheiro suficiente para cobrir os gastos com as oferendas (animais e ampla variedade de alimentos e objectos), roupas cerimoniais, utensílios e adornos rituais e demais despesas suas, da família-de-santo, e eventualmente de sua própria família durante o período de reclusão iniciática em que não estará, evidentemente, disponível para o trabalho no mundo profano.
Como parte da iniciação, a noviça permanece em reclusão no terreiro por um número em torno de 21 dias. Na fase final da reclusão, uma representação material do orixá do iniciado (assentamento ou ibá-orixá) é lavada com um preparado de folhas sagradas trituradas (amassi). A cabeça da noviça é raspada e pintada, assim preparada para receber o orixá no curso do sacrifício então oferecido (orô). Dependendo do orixá, alguns dos animais seguintes podem ser oferecidos: cabritos, ovelhas, pombas, galinhas, galos, caramujos. O sangue é derramado sobre a cabeça da noviça, no assentamento do orixá e no chão do terreiro, criando este sacrifício um laço sagrado entre a noviça, o seu orixá e a comunidade de culto, da qual a mãe-de-santo é a cabeça. Durante a etapa das cerimónias iniciáticas em que a noviça é apresentada pela primeira vez à comunidade, seu orixá grita seu nome, fazendo-se assim reconhecer por todos, completando-se a iniciação como iaô (iniciada jovem que “recebe” orixá). O orixá está pronto para ser festejado e para isso é vestido e paramentado, e levado para junto dos atabaques, para dançar, dançar e dançar.
No candomblé sempre estão presentes o ritmo dos tambores, os cantos, a dança e a comida. Uma festa de louvor aos orixás (toque) sempre se encerra com um grande banquete comunitário (ajeum, que significa “vamos comer”), preparado com carne dos animais sacrificados. O novo filho ou filha-de-santo deverá oferecer sacrifícios e cerimónias festivas ao final do primeiro, terceiro e sétimo ano de sua iniciação. No sétimo aniversário, recebe o grau de senioridade (ebômi, que significa “meu irmão mais velho”), estando ritualmente autorizado a abrir sua própria casa de culto. Cerimônias sacrificiais são também oferecidas em outras etapas da vida, como no vigésimo primeiro aniversário de iniciação.
Quando o ebômi morre, rituais fúnebres (axexê) são realizados pela comunidade para que o orixá fixado na cabeça durante a primeira fase da iniciação possa desligar-se do corpo e retornar ao mundo paralelo dos deuses (orum) e para que o espírito da pessoa morta (egum) liberte-se daquele corpo, para renascer um dia e poder de novo gozar dos prazeres deste mundo.
ERÊ





No Candomblé, Erê é o intermediário entre a pessoa e o seu Orixá, é o aflorar da criança que cada um guarda dentro de si; reside no ponto exacto entre a consciência da pessoa e a inconsciência do orixá. É por meio do Erê que o Orixá expressa a sua vontade, que o noviço aprende as coisas fundamentais do candomblé, como as danças e os ritos específicos do seu Orixá.
A palavra Erê vem do yorubá, iré, que significa “brincadeira, divertimento”. Daí a expressão siré que significa “fazer brincadeiras”. O Erê (não confundir com criança que em yorubá é omodé) aparece instantaneamente logo após o transe do orixá, ou seja, o Erê é o intermediário entre o iniciado e o orixá.
Durante o ritual de iniciação no Candomblé, o Erê é de suma importância pois, é o Erê que muitas das vezes trará as várias mensagens do orixá do recém-iniciado.
O Erê às vezes confundido com Ibeji, na verdade é a inconsciência do novo omon-orixá, pois o Erê é o responsável por muita coisa e ritos passados durante o período de reclusão. O Erê conhece todas as preocupações do iyawo (filho), também, aí chamado de omon-tú ou “criança-nova”. O comportamento do iniciado em estado de “Erê” é mais influenciado por certos aspectos da sua personalidade, que pelo carácter rígido e convencional atribuído ao seu orixá. Após o ritual do orúko, ou seja, nome de iyawo segue-se um novo ritual, ou o reaprendizado das coisas chamado Apanan.
A confusão entre Ibeji e Erê é muito frequente, ao ponto que em algumas casas de candomblé e batuque Ibeji é referido como Erê (criança) que se manifesta após a  chegada do orixá, em outras são cultuados como Xangô e ou Oxum crianças. Porém na verdade Ibeji é um orixá independente dos Erês. Dado o facto conhecido e recorrente de que muita gente transita entre o Candomblé e a Umbanda, é também natural que esta confusão se acentue, dados os conceitos e entendimentos diferentes que existem nas duas religiões e que muitas vezes as pessoas não conseguem diferenciar.
Na Umbanda, Erês, Ibejada, Dois-Dois, Crianças, ou Ibejis são entidades de carácter infantil, que simbolizam pureza, inocência e singeleza e se entregam a brincadeiras e divertimentos. Pedem-lhes ajuda para os filhos, para fazer confidências e resolver problemas. Geralmente supõe-se que são espíritos que desencarnaram com pouca idade e trazem características da sua última encarnação, como trejeitos e fala de criança e o gosto por brinquedos e doces. Diz-se que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. São tidos como mensageiro dos Orixás, respeitados pelos caboclos e pretos-velhos. Geralmente, são agrupados em uma linha própria, chamada de Linha das Crianças, Linha de Yori ou Linha de Ibeji. Costumam ter nomes típicos de crianças brasileiras, como Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho e Cosminho. Seus líderes de falange incluem Cosme e Damião. Comem bolos, balas, refrigerantes, normalmente guaraná e frutas.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

BOLAR, INDICIO DA NECESSIDADE DA INICIAÇÃO DO CANDOMBLÉ


"Bolar", ou "cair no santo", é indício da necessidade da iniciação no candomblé.
Geralmente acontece quando a pessoa participa de um "toque" e o orixá a incorpora,
ainda no estado que os adeptos denominam de "bruto" (ainda não assentado ou "feito").
Bolar, aparentemente, é como desmaiar. Mas o orixá está ali. Tomou a cabeça de seu
filho, mesmo contra a vontade deste, cobrando sua iniciação. A "bolação" geralmente
acontece enquanto as pessoas cantam e dançam para os orixás, sendo significativa, para
a identificação do orixá ao qual a pessoa pertence, a divindade para a qual se cantava
quando a pessoa bolou.
Uma vez "bolada" a pessoa é levada para o roncó ou para o quarto de
santo, onde será "acordada". Se depois de bolar uma ou mais vezes, a pessoa decidir se
iniciar, o pai-de-santo consultará o oráculo (jogo de búzios) para determinar que orixá
será feito e como (com que folhas, de que modo, com que quantidades, que animais
serão sacrificados etc.). O pai-de-santo prepara o roncó com a esteira sob a qual serão
depositadas as devidas folhas, as representações materiais do orixá (como quartilhões,
alguidares, ferramentas, pratos etc.) e tudo o mais que será necessário durante o tempo
do recolhimento. Só então é feito o "toque de bolar", quando o abiã (iniciando) será levado
para o barracão onde, ao som dos atabaques, dançará para o seu orixá até que este
incorpore. Bolado, o abiã será recolhido, para só reaparecer em público no dia da festa da
saída
OBRIGAÇÕES OU RENOVAÇÃO DOS VOTOS AO ORIXÁ



Um ano após a  feitura, o nascimento no santo, o Yawo  deve fazer a sua primeira obrigação que tem como significado comemorar esse nascimento e o reforço dos seus votos. Nessa ocasião, são oferecidos: um Bori e um animal de duas patas.

Os votos serão renovados ao completar 3 (três) anos. Serão então oferecidos: um Bori e um animal de quatro patas que seja do fundamento do seu Orixá.

Aos 7 (sete) anos de feitura o Yawo alcança a maior idade no santo tornando-se Egbomin (irmão mais velho) e a partir deste momento está pronto para assumir funções sacerdotais, ou seja tornar-se dono de sua própria casa ou na sua comunidade. Ele já pode assumir o posto de Babalorixá.
Deká ou Obrigação de Sete Anos, é como se intitula este ritual de passagem.

As obrigações dentro do Candomblé não podem ser adiantadas, ou seja, dadas antes do prazo, existe a necessidade de ser respeitado o tempo para que sejam realizadas.

Somente a iniciação não assegura que o Yawo, receba o cargo de Egbomin, ele precisa cumprir todas as etapas descritas anteriormente e mesmo tendo mais de 7 (sete) anos de feito, enquanto não forem realizados os rituais de passagem seguindo a ordem cronológica, ele continuará sendo um Yawo.

O Egbomin recebe durante a cerimónia, elementos de fundamental utilidade para que exerça a função sacerdotal entre eles, os seus búzios e navalha; é justamente o conjunto destes elementos que origina o nome Deká. Além dos elementos, ele passa a ser detentor do fio de grau (Rungebe).

Outras duas obrigações são necessárias a este novo Egbomin, quando forem completados 14 (catorze) e 21 (vinte e um) anos de santo.
FILHOS DE SANTO






 
 O candomblé é uma das religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil. Elechegou com o tráfico de escravos da África Ocidental, mais precisamente, através dos sacerdotes africanos escravizados, entre 1549 e 1888, que, nesta terra, continuaram respeitando os seus Deuses e propagando as suas culturas. De origem totêmica e familiar, a religião foi chamada de anímica porque tem por base a anima (alma) da natureza.

O candomblé (ou culto dos Orixás) não deve ser confundido com certas religiões afro-derivadas, tais como o voodoo haitiano, a santeria cubana e oobeah, que foram cultuadas de forma independente e são desconhecidos no país. Mesmo tendo sido confinado à população de escravos, reprimido pelos colonizadores lusos, proibido pela Igreja Católica (a religião dos portugueses) e criminalizado por Governos (que o consideravam como uma espécie de feitiçaria), o candomblé não somente resistiu, mas tem se expandido, consideravelmente, desde o final da escravatura.

Para sobreviver às perseguições, os adeptos do candomblé passaram a associar os Orixás aos santos católicos, em um processo de sincretismo religioso. Assim sendo, a Rainha dos mares e dos oceanos - Iemanjá - foi associada a Nossa Senhora da Conceição; Iansã - a Deusa dos ventos e das tempestades - a Santa Bárbara; Oxalá - o pai de todos os Orixás - ao Senhor do Bonfim; e assim por diante.

Cerca de dezesseis dos mais de duzentos Orixás existentes na África Ocidental, são cultuados no Brasil, tais como Oxumaré (o Deus do arco-íris);Exu (o mensageiro entre os homens e os Deuses); Iroco (o Deus dos pobres);Logunedé (o Deus dos navegantes); Nanã (a Deusa da fertilidade); Obá (a Deusa dos rios); Ogum (o Deus da guerra); Omolu (o Deus das doenças e da cura); Ossaim (o Deus das folhas e das ervas medicinais); Oxalá (o Deus da criação); Oxóssi (o Deus da caça); Oxum (a Deusa das águas doces e da riqueza); e Xangô (o Deus do fogo, do trovão e da justiça). Por sua vez, cada Orixá possui uma história bastante rica, que engloba os seus gostos, temperamento, cores, comidas, cantigas, rezas, tabus e ligação com a natureza.

Presentemente, o candomblé possui seguidores de todas as classes sociais. Cerca de três milhões de pessoas (1,5% da população total do país) declararam ser aquela a sua religião. E, no tocante aos templos, apenas na cidade de Salvador, constam dois mil duzentos e trinta terreiros, registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros (Fenatrab). Segundo estaFederação, o número de fiéis deve ser bem superior ao coletado, já que uma parcela significativa da população que freqüenta os terreiros prefere, ainda, declarar-se católica, tendo em vista as discriminações.

No candomblé, a Filha-de-Santo representa um verdadeiro sacerdote, servindo de instrumento, de corpo, de cavalo, ou de médium, para o Orixá que nela se incorpora, em certas ocasiões do culto. Nesses momentos, ela possui os mesmos gestos, timbre de voz, danças e cantigas que o Santo. Essas escolhas, em geral, têm lugar dentro dos próprios cultos e, durante a revelação dos Orixás, a futura Filha-de-Santo é tomada por tremores e sobressaltos.

Para assumir tal papel, no entanto, ela necessita fazer um curso no terreiro, visando aprender o ritual, o cerimonial, o preparo de iguarias especiais, os cantos, as danças e a confecção da indumentária do seu Santo. A iniciação da Filha-de-Santo é bastante lenta, dela se exigindo extrema dedicação. Neste sentido, enquanto vida tiver, ela pertencerá ao seu Orixá, trabalhará para ele e, com a renda proveniente de seu trabalho, auxiliará a manter o candomblé onde foi feita.

Existem diversas gradações no tocante às Filhas-de-Santos (Cascudo, 1998). A Abiã, por exemplo, cumpre apenas certos ritos parciais. A iniciante oficial - que possui pouco tempo de iniciação e só passou por algumas cerimônias - é chamada de Yauô. A serva da Filha-de-Santo é chamada Ékédi. Como não tem poderes para incorporar os Santos, ela é empregada em algumas funções subalternas, dedicando-se a cuidar das vestimentas e dos adornos da Filha-de-Santo.

Há, inclusive, toda uma hierarquia, que vai de sete em sete anos, na qual a Yauô passa a ser Vodum - estágio onde a Filha-de-Santo passa a usar um colar especial, confeccionado com pedacinhos de coral e contas vermelhas, chamado rungéfe. E a Ébomin - a Filha-de-Santo que possui uma iniciação completa, ou seja, mais de sete anos de feita - pode funcionar na plenitude do conhecimento ritualista, porque já está capacitada para fazê-lo.        

Em se tratando da chefia dos rituais, o Pai-de-Santo (Babalorixá) e a Mãe-de-Santo (Alourixá ou Ialorixá) recebem os fiéis nos terreiros, em sessões individuais, revelando o Orixá de cada um, por tradição, mediante o jogo de búzios. A identificação do Orixá, ou do Santo, ajudará o fiel a compreender a sua própria personalidade, bem como equilibrar as suas energias (axés) com aquelas do seu Orixá.

         Como um Orixá escolhe o seu instrumento, a sua médium?

Geralmente, isso é feito de duas maneiras. Em primeiro lugar, o Orixá pode agir de forma direta, atuando para que a Filha-de-Santo entre em um determinado estado de possessão, no qual passa a chorar, a gritar, a subir em árvores e a falar uma língua estrangeira. Ou, em segundo lugar, de forma indireta, fazendo com que ela encontre determinadas pedras, conchas ou pedaços de ferro. Nesta fase, é preciso entregar tais objetos à sua Mãe ou Pai-de-Santo e, eles, de imediato, identificarão o seu Orixá.

Depois que a futura Filha-de-Santo entrega os objetos encontrados, é necessário que junte dinheiro para custear a sua cerimônia de iniciação, que ocorrerá em um local reservado, ao ar livre. De acordo com o ritual, ela começará tomando um banho com folhas aromáticas e, em seguida, trocando de roupa. Quando retornar ao terreiro, terá que se recolher em um determinado cômodo, e ficará aguardando o preparo do fetiche a quem vai servir (o sacrifício de certos animais).

A seguir, terá sua cabeça raspada, lavada com uma infusão de plantas e esfregada com bastante força. Ao ingerir, também, essas infusões, a Filha-de-Santo vivenciará o fenômeno da entrada do Santo, que muitos pesquisadores acreditam se tratar de um estado psicopatológico especial. Após essa etapa, é a vez de uma cerimônia denominada Efun, na qual a cabeça e as faces da iniciante são pintadas com determinados traços de cor, e com as disposições características da origem étnica, em alusão às cicatrizes utilizadas, no passado, por muitas tribos e nações importantes. Vale ressaltar que essas cicatrizes, hoje, são substituídas por marcas feitas com tintas.

Depois desse processo, a Filha-de-Santo deverá permanecer em casa durante um ano, aproximadamente, ficando proibida de sair, de ter relações sexuais e de ingerir determinados alimentos. Em seguida, ocorrerá uma nova cerimônia chamada Dia de dar o nome, na qual será derramado, sobre a cabeça da iniciada, o sangue dos animais sacrificados. Após essa etapa, enfim, a Filha-de-Santo é considerada feita.

Um dado importante merece ser registrado: quanto menor for o tempo de iniciação, mais impuro e deturpado será o significado religioso do candomblé. Tudo se passa como se ele perdesse aquilo que possui de mais sagrado, a sua pureza religiosa. É importante salientar, também, que, nos terreiros, as celebrações, as invocações e os cânticos são feitos em dialetos africanos, ao som de atabaques, variando segundo o Orixá homenageado.  

Inserida nesse processo ritualista, a Filha-de-Santo - ou a sacerdotisa dos Orixás - representa uma religiosa a serviço dos Deuses da natureza: aqueles mesmos Deuses que chegaram ao país em navios negreiros, incrustados nos grilhões dos escravos, juntamente com as suas comidas, indumentárias, línguas, músicas, danças, festas, crenças e rituais

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

CARGOS DO TERREIRO DE CANDOMBLÉ


 
Iyalorixá/Babalorixá: Mãe ou Pai de Santo, é o posto mais elevado do ILê; tem a função de iniciar e completar o ato de iniciação dos olorixás.
Iyaegbé/Babaegbé: É a segunda pessoa do axé. Conselheira, responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia. Posto paralelo ao da Iyalorixá ou Babalorixá. 
Iyalaxé: Mãe do axé, a que distribui o axé. É quem escolhe os Oloyes de acordo com as determinações superiores. 
Iyakekere: Mãe pequena do axé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos no Ilê.
Babakekere: Pai pequeno do axé ou da comunidade. Sempre pronto a ajudar e ensinar a todos no Ilê.
Ogan:  É responsabilidade do ogã, olhar pelos demais médiuns, cuidar dos Orixas, bem como pela integridade e pelo bom funcionamento do terreiro.
Ekede: É responsabilidade da Ekede, olhar pelos demais médiuns, cuidar dos Orixas, cuidar do Babalorixá ou da Iyalorixá bem como pela integridade e pelo bom funcionamento do terreiro.   
Ojubonã: É a mãe criadeira.
Iyamoro: Responsável pelo Ipadê de Exú. Junto com a Agimuda, Agba e Igèna. - Iyaefun/Babaefun: Responsável pela pintura dos Iyawos.
Iyadagan: Auxilia a Iyamoro e vice-versa. Também possui sub-postos OtunDagan e Osi-dagan.
Iyabassé: Responsável no preparo dos alimentos sagrados. Todos Olorixás podem auxilia-la, sendo ela a única responsável por qualquer falha eventual.
Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando. E usa toalha de Orixá no ombro.  Aiyaba Ewe: Responsável em determinados atos em obrigações de "cantar folhas". Geralmente filhas de Oxun.
Aiybá: Bate o ejé em grandes obrigações. Tem sub-posto Otun e Osi.
Ològun: Cargo masculino, despacha aos Ebós das grandes obrigações, a preferência é para os filhos de Ogun, depois Odé e Oluwaiyê.
Oloya: Cargo feminino, despacha os Ebós das grandes obrigações, na falta de Ològun. São filhas de Oya.
Mayê: Mexe com as coisas mais secretas do Axé, ligadas a iniciação do Adoxú.
Agbeni Oyê: Posto paralelo a Mayê, divide a mesma causa.
Oyê: Se relaciona com a Yaefun/Babaefun; ou seja, coisas de AWO para iniciação.
Olopondá: Grande responsabilidade na inicição, no âmbito altamente secreto.
Iyalabaké: Responsável pela alimentação do iniciado, enquanto o mesmo se encontrar de obrigação.
Kólàbá: Responsável pelo Làbá, simbolo de Xângo. 
Agimuda: Relação com o Ipadê de Exú. Aquela que carrega a espada. Titulo feminino usado no culto de Oya e Geledé.
Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Axé. 
Iyasíhà Aiyabá: é quem segura o estandarte de Oxalá.
Omolàra: Posto de confiança.
Sarapegbé: Mensageiro de coisas civis e de awo.
Akòwé Ilê Xangô: É a Secretária da casa de Xângo. Zelo, Orô e compras.
Babalossayn: Responsável pela colheita das folhas. Cargo de extrema importância. –
Axogun: Responsável pelos sacrifícios. Traz axé de Ogun. Trabalha em conjunto com Iyalorixá/Babalorixá, Oloyês e Ogans. Não pode errar. Responsável direto pelos sacrifícios do ínicio ao fim do ato. Soberano nestas obrigações, é quem se comunica com o Orixá para quem se destina a obrigação, transmitindo à Iyalaxé as respostas e mandamentos. Deve ser chamado de Pai. E também possui sub-post Otun e Osi.
OgaláTebessê: Dono dos toques, cânticos e danças. Trabalha em conjunto com o Alagbê, possui sub-posto Otun e Osi. 
Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos Ilùs, os instrumentos musicais sagrados. Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a ALVORADA mais ou menos 40 min. Se um autoridade de outro Axé chegar ao Ilê, o Alagbê, tem de lhe prestar as devidas homenagens "dobrar o Ilù" oferecer até sua própria cadeira. Também possui sub-posto Otun e Osi.
Alagbá: Ambito civil do Axé. 
Àjòiè: Camareira do Orixá. Ekédi.
Ojuoba: Posto de honra no Ilê Xangô e possui sub-posto Otun e Osi.
Teololá: Aquela que acompanha os Obas de Xangô.
Sobalóju: Título masculino e feminino. Sendo o mais importante e atraente, o preferido do rei.
Mawo: Grande confiança.
Balógun: Título ligado ao Ilê Ogun.
Alagada: Ogan que cuida das ferramentas de Ogun.
Balóde: Ogan de Odé. 
Aficodé: Chefe do Aramefá (6 corpos) ligado ao Ilê Odé
Ypery: Ogan ou Àjòiè de Odé
Alajopa: Pessoa de Odé, que leva a caça para ele.
Alugbin: Ogan de Oxalufan e Oxaguian que toca o Ilù dedicado a Oxalá.
Assogbá: Ogan ligado ao Ilê Omolú e cultos de Obaluaiye, Nanã, Egun e Exú.
Alabawy: Pessoa que trabalha na área jurídica e que cuida dos interesses civis do Axé.
Leyn: Pessoa do Ogun ou Odé, que zela Ogun.
Alagbede: Pessoa que trabalha no ramo de ferro e metais e forja as ferramentas do Axé.
Elémòsó: Ogan ou Àjòiè de Oxaguian, ligados ao Ilê Oxalá.
Gymu: Àjòiè de Omolu, que cuida de tudo que se relaciona a Omolu, Nanã e Ossany.
Kaweó: Ligado ao Ilê Ossaiyn. 
Ogòtún: Ligado ao Ilê Oxun.
Oba Odofin: Ligado ao Ilê Oxalá.
Iwin Dunse: Ligado ao Ilê Oxalá.
Apokan: Ligado ao Ilê Omolú.
Abogun: Ogan que cultua Ogun
CABOCLOS DO MEU BRASIL



Candomblé de Caboclo é todo candomblé que além do culto aos Orixás, Voduns ou Nkisis, cultua também espíritos ameríndios chamados de entidades, catiços ou caboclos boiadeiros, gentileiros. Inicialmente na Bahia os Candomblés não tradicionais, eram na maioria caboclos, que é um misto de Keto, Jeje e Angola.
O caboclo exerce um papel fundamental no relacionamento da comunidade afro brasileira, pois fala o idioma português, "mesmo com erros grotescos", papel que os orixás só fazem no idioma africano, chamado Yoruba, assim conquistando a popularidade dos crentes, que não entendem ou fala a língua dos Orixás. São encarregados de trazer mensagens dos seus ancestrais, principalmente de entes queridos desencarnados há pouco tempo, aconselha os desesperados, indicando sempre um novo caminho, indica banhos de folhas sagrada e/ou pequenas oferendas para resoluções dos seus problemas. Nos candomblés de caboclo também se realizam os sacudimentos com folhas sagradas e passes espirituais que tem a função de limpar o individuo de radiações negativas. As cantigas podem ser cantadas acompanhadas pelas palmas ou pelos atabaques.
As oferendas de caboclo são fartas e variadas, constituída de uma grande variedade de frutas, legumes, raízes e até mesmo doces. Um elemento indispensável é a abóbora girimum, que são recheadas com fumo de rolo, milho branco e mel de abelha, oferenda de galos, peru, pavão ou qualquer tipo de passaro.  A jurema é a bebida sagrada, considerada o néctar dos deuses e disputada não só pelas entidades, mas por todos os presentes.
Os caboclos não trabalham somente nos terreiros como alguns pensam.Eles prestam serviços também ao Kardecismo, nas chamadas sessões de "mesa branca". No panorama espiritual rente à Terra predominam espíritos ociosos, atrasados, desordeiros, semelhantes aos nossos marginais encarnados. Estes ainda respeitam a força. Os índios, que são fortíssimos, mas de almas simples, generosas e serviçais, são utilizados pelos espíritos de luz para resguardarem a sua tarefa da agressão e da bagunça. São também utilizados pelos guias, nos casos de desobsessão pois, pegam o obsessor contumaz, impertinente e teimoso, "amarrando-o" em sua tremenda força magnética e levando-o para outra região.

Alguns exemplos de Caboclos e Caboclas:
  • Caboclo Sultão das Matas, Caboclo Eirú ou Erú, Caboclo Gentileiro, Caboclo Laje Grande, Caboclo Pedra Preta do saudoso Joãozinho da Goméia, Caboclo Boiadeiro que são espirítos de vaqueiros do interior do Brasil, Caboclo Oxossi, Caboclo Jaguatiraba, Caboclo Sete Serra, Caboclo Araribóia, Cabocla Jurema, Cabloca Iara e Cabloca Jussara.
Existem uma infinidade de Caboclos e Caboclas no Candomblé de Caboclo.

A saudação aos Caboclos é:  Xetrú Marrombá xetrú, Xetruá
 
 
CABOCLO BOIADEIRO
 
 
 
OFERENDA